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Sem feminismo não há agroecologia

Quais as oportunidades e dificuldades para a integração do ecofeminismo na construção de um novo modelo de sociedade?


Foto: Ruven Afanador

Grande parte do movimento de regeneração, sustentabilidade e agroecologia tem sido representada por homens, apesar de mulheres, desde sempre, desempenharem um papel fundamental na base teórica e prática dessas iniciativas.

A integração de uma abordagem que une questões de gênero e meio ambiente na construção de um novo modelo de sociedade pode oferecer uma perspectiva holística e profundamente transformadora para uma sociedade mais justa, ética e regenerativa.


Vamos analisar então algumas oportunidades vs desafios que criam uma visão de futuro onde a justiça social e a justiça ambiental caminham de mãos dadas;


Oportunidades


as mulheres da aldeia do movimento chipko no início dos anos 70 nas colinas garhwal da Índia, protegendo as árvores de serem derrubadas
  • Interseccionalidade: Essa perspectiva promove uma abordagem interseccional que reconhece a conexão entre a opressão de gênero, a exploração ambiental, e outras formas de injustiça social, como o racismo e a pobreza. Isso pode criar uma base sólida para a construção de políticas e práticas mais inclusivas e abrangentes.

  • Valorização dos Saberes Locais e Tradicionais: Essa abordagem valoriza o conhecimento das mulheres, especialmente aquelas em comunidades tradicionais e rurais, que frequentemente desempenham papéis-chave na preservação ambiental. Integrar esses saberes pode fortalecer iniciativas de sustentabilidade e conservação.

  • Promoção de uma Nova Relação com a Natureza: Ao criticar a visão antropocêntrica e exploradora da Natureza, essa perspectiva oferece uma visão alternativa que propõe uma relação mais respeitosa e sustentável com o meio ambiente, o que pode ser fundamental para a construção de sociedades resilientes frente às crises ambientais.

  • Empoderamento Comunitário: A abordagem de gênero e meio ambiente incentiva a participação ativa das mulheres na tomada de decisões relacionadas ao meio ambiente, o que pode fortalecer comunidades e criar modelos de governança mais democráticos e equitativos.


Dificuldades


Foto: Pamela Singh

  • Resistência Cultural e Política: Em muitas sociedades, as ideias que integram gênero e sustentabilidade podem enfrentar resistência de estruturas patriarcais e conservadoras que sustentam tanto a desigualdade de gênero quanto a exploração ambiental. Essa resistência pode dificultar a implementação de políticas e práticas que promovam a justiça socioambiental.

  • Fragmentação do Movimento: A abordagem que une gênero e meio ambiente abrange uma ampla gama de perspectivas e abordagens, o que pode levar a divergências internas e dificuldades em criar uma agenda unificada. A diversidade de experiências e contextos culturais pode ser uma força, mas também pode criar desafios para a coesão do movimento.

  • Falta de Reconhecimento e Apoio: Apesar do crescente reconhecimento, essa visão ainda luta para obter o apoio institucional e financeiro necessário para implementar suas ideias em larga escala. Projetos e iniciativas que integram gênero e ecologia podem ter dificuldade em acessar recursos e plataformas para influenciar políticas públicas.

  • Complexidade das Questões Ambientais e de Gênero: As questões abordadas por essa abordagem são complexas e multifacetadas, exigindo abordagens igualmente complexas e integradas. A implementação prática dessas ideias pode ser desafiadora, especialmente em contextos onde políticas simplistas e soluções de curto prazo são privilegiadas.


A integração do ecofeminismo na construção de um novo modelo de sociedade tem o potencial de promover mudanças profundas e necessárias. No entanto, requer enfrentar desafios significativos, incluindo resistências culturais, fragmentação interna, e falta de apoio institucional. Para que essas oportunidades sejam plenamente realizadas, é essencial um esforço contínuo de diálogo, educação, e ação coletiva que possa superar essas dificuldades e promover uma transformação verdadeiramente regenerativa e inclusiva.





Nathalia Nasralla (@cali.verdra)

Artivista, Empreendedora & Produtora Cultural

Co-fundadora da Aduba (aduba___)

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